domingo, 14 de fevereiro de 2010

A Secessão no Fim do Mundo

A Secessão no Fim do Mundo


Professor Nazareno*


O Plebiscito marcado para o final deste mês de fevereiro e que tem como objetivo principal emancipar a Vila de Extrema, fronteira com a Bolívia e divisa com o Acre, é grosso modo uma aberração nos meios políticos não só de Rondônia, mas também do Brasil e abre caminho para outras localidades seguirem os mesmos passos. As particularidades desta votação, a que todo eleitor de Porto Velho está obrigado a comparecer, expõem ao resto do país e talvez até ao exterior a nossa maneira absurda e bizarra de fazer política e de tratar a coisa pública.

Único lugar do mundo onde os políticos devolvem dinheiro, com mais esta esquisitice o nosso Estado passa de vez a fazer parte do anedotário político nacional. Enquanto na maioria dos estados brasileiros “as meias e cuecas” são recheadas de reais e dólares, Rondônia e os rondonienses ensinam outros meios bem menos dolorosos de se iniciar nesta arte. É sabido por todos que os moradores das localidades situadas na Ponta do Abunã há muito tempo foram abandonados pelo poder público, mas desmembrar e diminuir o território para se livrar do “abacaxi” só se vê por aqui mesmo.

Minas Gerais, por exemplo, não abre mão do Triângulo Mineiro assim como país nenhum do mundo quer ceder um milímetro sequer do seu território. Muitas e incontáveis guerras já houve mundo afora por causa de disputas territoriais. Aqui, a bisonha classe política até já se manifestou favorável à debandada da vilazinha perdida naqueles cafundós. Se Roberto Sobrinho fosse presidente de um país sério e agisse dessa forma entreguista, seria sumariamente fuzilado por crime de lesa-pátria, mas o “psicólogo do bigodinho” jamais vai ser Presidente de coisa alguma. Ainda bem.

Sobrinho, ao incentivar a secessão de Extrema admite publicamente a sua falta de competência para administrar a totalidade de um território para o qual foi escolhido para governar e ainda joga, com esta sua atitude mesquinha, nas costas do eleitorado a responsabilidade da escolha. Além do mais, aumenta as despesas absurdas esquecendo-se de que no Brasil, além do Presidente e do Vice-Presidente da República, existem 27 Governadores, 27 Vice-Governadores, 81 Senadores, 513 Deputados Federais, 1059 Deputados Estaduais, 5.561 Prefeitos, 5.561 Vice-Prefeitos e 60.320 vereadores.

Será que ele é cego para não perceber que são muitos os parasitas sendo sustentados com o suado dinheiro dos impostos? A não ser que a sua lógica seja a mesma dos seus pares: quanto mais políticos, mais dinheiro será devolvido aos cofres públicos. “A necessidade da criação do município é tamanha que já contamos com a participação de 21 partidos políticos nessa campanha, sem contar que a Assembléia Legislativa e a Prefeitura de Porto Velho estão nos apoiando, além de movimentos religiosos que estão engajados”, observou Aparecido Bispo, um líder local e, claro, pró-emancipação.

A Vila de Extrema já pertenceu ao Acre, mas foi transferida para Rondônia. A população, porém, não concorda, já que a localidade fica mais próxima de Rio Branco, 180 quilômetros, do que de Porto Velho, 350 quilômetros. Por conta da distância menor, o maior contato dos moradores é com o Acre, onde os moradores usam os serviços, como o de saúde. A crescente produção agrícola e o rebanho de 400 mil cabeças de gado representam, na visão dos defensores da criação do novo município, que a região tem tudo para ser separada de Porto Velho. A vitória do SIM é a vitória da incompetência da administração municipal. Atendendo corretamente aquela gente sofrida e solucionando os seus problemas mais imediatos não perderíamos nenhum naco do nosso território. Que pena!


*Leciona na Escola João Bento da Costa.

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