sábado, 6 de março de 2010

Porto Velho e Rondônia: será o inferno aqui mesmo?


Professor Nazareno*


Há aproximadamente duas semanas um jornal italiano havia publicado uma reportagem, numa espécie de site, em que informava os quinze lugares do planeta onde é altamente recomendado nunca visitar. Claro que Rondônia estava na lista, pois só um maluco, aventureiro ou desavisado turista pretenderia fazer turismo nestas terras. O motivo era simples e já manjado: devastação do meio ambiente, altos níveis de desmatamento nas suas florestas e acúmulo de lixo. “Milhares de hectares da Amazônia foram cortados e queimados, para abrir caminho para a criação de gado”, informava a publicação. Este “Mapa de Infernos na Terra” chocou as minhocas telúricas.

Quando o Rondoniaovivo publicou a matéria, foi uma chiadeira geral da maioria dos internautas. “Inferno é lá que tem sempre guerra e máfia e ainda tem pedófilos vindo pra cá nas férias”, esbravejou um autêntico rondoniense. “Quem fez esta pesquisa não sabe o que está dizendo. Rondônia, apesar de todos os problemas ambientais ainda possui aproximadamente 50% de sua cobertura vegetal”, vociferou outro. E completou: “O italianos deviam olhar para o seu nariz. E mais, vir visitar Rondônia e conhecer uma floresta de verdade”. Afirmaram até que os italianos não são nada para criticarem o nosso querido estado, dentre outras bobagens e sandices sem nenhum sentido.

Este jornal italiano falou apenas do interior de Rondônia e se esqueceu da capital, Porto Velho, por que se tivesse conhecido a cidade de Roberto Sobrinho, Jair Ramires, da Sabenauto e do carnaval da Dengue, o escândalo teria sido ainda maior. Mais de uma centena de árvores foram cortadas pela Prefeitura Municipal para que acontecesse o ridículo e fracassado desfile de momo e desta vez para que esta revendedora de automóveis tivesse a sua fachada descoberta. Um crime brutal praticado por quem devia zelar pelos interesses dos munícipes. Falar de lixo nesta cidade é uma redundância absurda, ainda vamos sucumbir em meio a tanta podridão e carniça.

Se Rondônia e a sua “arborizada e bela capital” não fossem um inferno, a Sabenauto sofreria um tremendo boicote dos seus clientes e pagaria pelo crime ambiental que cometeu. Já com Sobrinho e o seu desastrado secretário talvez não aconteça nada, pois dizem que antigamente a Avenida Sete de Setembro era muito arborizada com muitas mangueiras e um conhecido ex-prefeito mandou arrancar cada uma delas. Os rondonienses estão acostumados a verem seu patrimônio natural ser devastado sem dar um pio. Veja-se o exemplo das hidrelétricas no Madeira. Em vez de protestar quando desaparece uma linda cachoeira, o povo daqui faz é festa de despedida.

Muitos rondonienses não gostam de floresta. A própria Brigada de Infantaria e Selva fica localizada bem no centro da cidade em meio a uma selva, mas de concreto. Seria bom arrancar agora a castanheira lá do estádio já que quase ninguém nota mesmo a sua presença. Porém se eu fosse o Secretário da Sema, Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Aguinaldo Ferreira, pediria demissão por conta deste descaso. A não ser que ele concorde com mais este crime ambiental praticado pelo prefeito e sua gente. Mas isto não vai dar em nada, como sempre. Nem a pomposa Promotoria Ambiental do Ministério Público Estadual vai resolver coisa alguma. O próprio Jair Ramires já resumiu tudo durante uma entrevista: “Por que a Prefeitura vai notificar a Prefeitura”?


*O professor Nazareno leciona em Porto Velho.

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