domingo, 28 de março de 2010

Assembléia Legislativa “reinventa” Montesquieu - Professor Nazareno*

* Professor nazareno - Escola João Bento


Não resta a menor dúvida da importância de um Poder Legislativo para respaldar um regime democrático, mesmo no Estado de Rondônia, onde as coisas mais absurdas acontecem em quase todas as áreas, inclusive na política, essa premissa deve ser levada a sério. Montesquieu com a sua Teoria dos Três Poderes lançou as bases para o Estado moderno e hoje grande parte das nações segue este roteiro. E Rondônia não é muito diferente neste aspecto. O problema é que por aqui a função do Legislativo tem extrapolado os limites do bom senso e do aceitável: uma Lei proposta pelo deputado Jesualdo Pires do Partido Socialista Brasileiro acaba de ser aprovada pelo nosso Poder Legislativo. “Todo cidadão rondoniense já pode defecar nas rodoviárias do Estado e não pagará nada por isso”, anunciam solenemente os comerciais pagos na mídia.
Essa piada de mau gosto indica o fim do Poder Legislativo no Estado de Rondônia. A importância dessa lei para a população é de fazer inveja ao Conselho de Segurança das Nações Unidas. Algo digno da Conferência de Yalta na Criméia ou do Tratado de Versalhes. Como pode um Poder legalmente constituído legislar sobre uso de privadas em terminais rodoviários? Depois de "devolver" dinheiro ao Executivo por absoluta incompetência e falta de projetos, a Assembléia Legislativa do Estado de Rondônia proporciona mais este "mico" para o anedotário popular. Depois do “Futebol com Pimenta” e da “Ponte sem Estradas”, só faltava esta. Rondônia e os rondonienses somos achincalhados no mundo inteiro por causa destas tolices, deste absurdo extemporâneo. Deve ser por isso que a futura casa de leis será construída onde funcionava um circo. Basta acessar o Google Earth para constatar a triste ironia.
Precisamos de um Legislativo mais forte e atuante e que fiscalize as ações do Poder Executivo. O Estado vive uma greve na Educação com prejuízos para todos. Estamos sobrevivendo a uma pandemia horrorosa de dengue com vários casos de mortes. A Gripe Suína está perigosamente se aproximando. O Estado ainda não está preparado para a ressaca “pós-usinas” e precisa de ações urgentes neste sentido. A energia gerada por aqui não ficará no Estado. A questão ambiental precisa ser debatida. E enquanto isso “os caras” se reúnem para legislar sobre “defecar em rodoviária”. Precisamos de outro Legislativo, pelo visto. Não daquele que foi filmado pelo Governador Ivo Cassol, mas de um que realmente trabalhe em cima de projetos sérios e de grandes relevâncias. Todo Poder Legislativo é importante para qualquer sociedade.
“Temos que ter orgulho de ser rondonienses. Temos de exigir respeito, já que somos desta terra”. Porém está cada vez mais difícil seguir aquilo que a própria Assembléia Legislativa manda fazer. Ela mesma não consegue dar o exemplo. Falta-lhe competência ou boa vontade. É possível, no entanto, ter a certeza de que esta atitude folclórica do deputado pode estar respaldada na “visão tacanha” da maioria do nosso eleitorado. Como povo somos uma desgraça, um fracasso mundial, uma gentinha mesmo. Os nossos legisladores estaduais são incompetentes porque incompetente é o povo em geral que os elegeu. E o pior é que vamos reeleger, com pequenas mudanças, estes mesmos senhores para a próxima legislatura. Falta-nos uma visão política maior. Talvez se crie outra lei depois dessa: dar o papel higiênico para os usuários.



domingo, 21 de março de 2010

Falta de leitura: De quem é a culpa?

Falta de Leitura: De quem é a culpa? – Por Professor Nazareno*
Sábado , 20 de Março de 2010 - 9:56


Há alguns anos, um servente de pedreiro passou no Vestibular de Direito numa faculdade do Rio de Janeiro. Até aí tudo bem não fosse o incrível detalhe de que o indivíduo era analfabeto. O Ministro da Educação de então, professor Paulo Renato, ficou escandalizado com o fato. A comunidade acadêmica ficou em polvorosa. Foi um escândalo. Notícias foram publicadas a respeito, promoveram-se vários debates sobre o assunto. O MEC a partir de então, instituiu a obrigatoriedade de uma prova de Redação para todos os concursos vestibulares (tanto das universidades públicas quanto das particulares), pois acreditavam os sábios do Ministério estar criando assim uma barreira de competência quase intransponível para quem quisesse fazer um curso superior. Ops! Vestibular em faculdade particular?

Os alunos do Ensino Médio do país inteiro, salvo raríssimas exceções, produzem hoje um texto tão bom quanto o que produziria o nosso servente acima citado. Pouco ou nada foi feito para se equipar as nossas escolas de condições para ensinar como se produzir um bom texto. O mercado não tem bons profissionais na área. Muitos professores de Português e até mesmo de Redação não conseguem produzir uma simples lauda com coerência e clareza. A maioria das nossas escolas não tem sequer a disciplina Redação no Ensino Médio. Os mestres não lêem quase nada, pois livros custam caro. O povo não lê. A imprensa escrita, de um modo geral, apenas informa em vez de ajudar a formar. Livros são gêneros tão supérfluos e raros no Brasil quanto caviar de esturjão do mar Negro.

E não adianta muito criar clubes de leitura ou coisas do gênero. Colocar livros como componentes da cesta básica como até já sugeriu um Ministro da Educação é tão ridículo que beira a insensatez. Num país de gente famélica como o nosso, a atividade de ler e produzir um texto passou a ser talvez a mais descartável das ações humanas. Brasileiro não lê, reclamamos. Mas brasileiro come? É preciso reformular tudo, mudar tudo. Fazer uma revolução. A atividade de ler deve sim, começar desde cedo, em casa e incentivada pelos pais. “Um país se faz com homens e livros” (que sejam lidos, é claro). As escolas deveriam cobrar diariamente dos seus alunos a produção de um texto escrito como se fosse uma espécie de ordem do dia.

Além disso, a mídia deveria contribuir com programas de incentivo à leitura e não com essa programação imoral, alienante e sem sentido. Big Brother, Faustão, Xuxa, a Fazenda, Gugu, os programas policias e outras porcarias do gênero deveriam ser extintos da grade de programação, pois nada ensinam e só deturpam e entorpecem a já deficiente e confusa mentalidade do brasileiro. Que contribuição um programa policial dá à cultura e ao país em termos de conhecimento? Geralmente apresentados por psicopatas ou alienados, esses programas são verdadeiros shows de desrespeito aos direitos humanos, de incentivo à cultura da “justiça com as próprias mãos”, além de propagar a desigualdade social entrevistando só os bandidos pequenos, aqueles “que só falam em juízo”.

Infelizmente não será essa greve de professores ou outra qualquer que vai resolver este delicado problema. Nem aqui nem em qualquer outro lugar do país. As eleições já se aproximam e de novo nenhum alento no horizonte. Vamos reconduzir aos cargos para nos governar os velhos de sempre: mensaleiros, sanguessugas, corruptos, mentirosos, ladrões, compradores de votos, estelionatários, bandidos e enganadores de fé alheia. Os raríssimos eleitos que têm compromissos com a educação, com a cultura do povo, se perderão no “oceano de mediocridade” em que se transformou a política nesta nação de semi-analfabetos. O Brasil só vai mudar quando a maioria do “e-leitor” se conscientizar da importância do ato de ler para promover as transformações sociais de que tanto necessitamos para o nosso progresso. Só que estamos a “anos-luz” desta realidade, desta utopia. Uma pena.



*O professor Nazareno leciona na Escola João Bento em Porto Velho.

domingo, 7 de março de 2010

Brasileiro: Mentalidade Chinfrim e atrasada!


Brasileiro: mentalidade chinfrim e atrasada!


Professor Nazareno*


O Brasil é hoje uma das maiores potências econômicas do mundo. Tem um PIB invejável e é o segundo maior produtor mundial de alimentos. No entanto, com mais de 190 milhões de habitantes corre o risco de entrar para a História como uma nação de imbecis cuja maioria de sua população é composta de abestados, de idiotas, de pessoas sem a menor consciência crítica, de analfabetos políticos e funcionais, de ladrões e de uma gente sem visão de mundo e completamente alheia a sua própria realidade. Exemplo disso é o nosso eleitorado, que com mais de 130 milhões de votantes, é o responsável maior pela perpetuação desta calamidade nacional.
A piada dizendo que Deus daria toda esta exuberância natural ao recém criado país, mas colocaria uma gentinha cretina por aqui parece ser verdadeira. O Brasil sempre foi explorado por outros países mais ricos e desenvolvidos e repete esta receita dentro da Federação. Os estados mais abastados exploram os mais pobres sem dó nem piedade. Destroem o meio ambiente local em busca de energia além de usar a mão de obra, sempre disponível e barata, do explorado. Exemplo maior disso são as construções das hidrelétricas do Madeira: a energia vai toda para o sul do país. Aqui não fica nada.
Quando esta mentalidade de “vira-latas” chega à política, o desastre é anunciado. Desvios de dinheiro, compra de votos, corrupção exagerada e o pior: falta de critérios para a escolha dos governantes. Eleição no Brasil é algo patético, esquisito mesmo. Parece até Plebiscito para emancipar distrito. Ninguém sabe por que vota nem para quê. Em pleno século vinte e um ainda se discute se o candidato “ficha-suja” deve participar do pleito ou não. Por isso não existe um único indivíduo preso no país por corrupção. José Roberto Arruda está “em cana” por que obstruiu o trabalho da Justiça. Só por isso.
Este ano terá eleições e já circula pela Internet uma campanha fascista afirmando que os brasileiros “de bom senso” não podem votar na candidata do PT, Dilma Roussef, porque ela foi terrorista e o seu grupo teria participado da morte de vários militares durante a Ditadura Militar. Embora não seja eleitor do “Partido do Mensalão”, acho um exagero. Vários países do mundo já viveram e vivem a experiência de ser governados por ex-guerrilheiros. O Uruguai atual é um deles. Além disso, a candidata petista estava numa guerra lutando para expulsar do Poder os usurpadores da ordem institucional e democrática. Guerra é guerra. Devia ter matado mais militares para o bem da nação.
A mentalidade chinfrim é irmã gêmea da mentalidade golpista que ainda deve existir nos quartéis. Por isso ambas concordam com a falta de liberdade de expressão, com torturas, exílios, DOI-CODI, perseguições políticas, atos institucionais e toda a sorte de obscurantismos e cerceamento de liberdades. Seria bom que os eleitores otários do Brasil, aqueles mais de 80%, entendessem que a eleição da Dilma não trará este lixo autoritário de volta, apenas modernizará a prática do Mensalão, da corrupção e da distribuição de esmolas do Estado. A maior compra oficial de votos do mundo não pode se acabar. Coisas naturais numa sociedade ridícula, burra e alienada como a brasileira.





* O professor Nazareno Leciona em Porto Velho.

sábado, 6 de março de 2010

Porto Velho e Rondônia: será o inferno aqui mesmo?


Professor Nazareno*


Há aproximadamente duas semanas um jornal italiano havia publicado uma reportagem, numa espécie de site, em que informava os quinze lugares do planeta onde é altamente recomendado nunca visitar. Claro que Rondônia estava na lista, pois só um maluco, aventureiro ou desavisado turista pretenderia fazer turismo nestas terras. O motivo era simples e já manjado: devastação do meio ambiente, altos níveis de desmatamento nas suas florestas e acúmulo de lixo. “Milhares de hectares da Amazônia foram cortados e queimados, para abrir caminho para a criação de gado”, informava a publicação. Este “Mapa de Infernos na Terra” chocou as minhocas telúricas.

Quando o Rondoniaovivo publicou a matéria, foi uma chiadeira geral da maioria dos internautas. “Inferno é lá que tem sempre guerra e máfia e ainda tem pedófilos vindo pra cá nas férias”, esbravejou um autêntico rondoniense. “Quem fez esta pesquisa não sabe o que está dizendo. Rondônia, apesar de todos os problemas ambientais ainda possui aproximadamente 50% de sua cobertura vegetal”, vociferou outro. E completou: “O italianos deviam olhar para o seu nariz. E mais, vir visitar Rondônia e conhecer uma floresta de verdade”. Afirmaram até que os italianos não são nada para criticarem o nosso querido estado, dentre outras bobagens e sandices sem nenhum sentido.

Este jornal italiano falou apenas do interior de Rondônia e se esqueceu da capital, Porto Velho, por que se tivesse conhecido a cidade de Roberto Sobrinho, Jair Ramires, da Sabenauto e do carnaval da Dengue, o escândalo teria sido ainda maior. Mais de uma centena de árvores foram cortadas pela Prefeitura Municipal para que acontecesse o ridículo e fracassado desfile de momo e desta vez para que esta revendedora de automóveis tivesse a sua fachada descoberta. Um crime brutal praticado por quem devia zelar pelos interesses dos munícipes. Falar de lixo nesta cidade é uma redundância absurda, ainda vamos sucumbir em meio a tanta podridão e carniça.

Se Rondônia e a sua “arborizada e bela capital” não fossem um inferno, a Sabenauto sofreria um tremendo boicote dos seus clientes e pagaria pelo crime ambiental que cometeu. Já com Sobrinho e o seu desastrado secretário talvez não aconteça nada, pois dizem que antigamente a Avenida Sete de Setembro era muito arborizada com muitas mangueiras e um conhecido ex-prefeito mandou arrancar cada uma delas. Os rondonienses estão acostumados a verem seu patrimônio natural ser devastado sem dar um pio. Veja-se o exemplo das hidrelétricas no Madeira. Em vez de protestar quando desaparece uma linda cachoeira, o povo daqui faz é festa de despedida.

Muitos rondonienses não gostam de floresta. A própria Brigada de Infantaria e Selva fica localizada bem no centro da cidade em meio a uma selva, mas de concreto. Seria bom arrancar agora a castanheira lá do estádio já que quase ninguém nota mesmo a sua presença. Porém se eu fosse o Secretário da Sema, Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Aguinaldo Ferreira, pediria demissão por conta deste descaso. A não ser que ele concorde com mais este crime ambiental praticado pelo prefeito e sua gente. Mas isto não vai dar em nada, como sempre. Nem a pomposa Promotoria Ambiental do Ministério Público Estadual vai resolver coisa alguma. O próprio Jair Ramires já resumiu tudo durante uma entrevista: “Por que a Prefeitura vai notificar a Prefeitura”?


*O professor Nazareno leciona em Porto Velho.