O compromisso assumido por 164 paises, entre eles o Brasil, para melhorar a qualidade da educação no mundo até 2015 está 'longe de ser atingido'. É o que aponta o Relatório de Monitoramento Global de 2011 da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), lançado nesta terça-feira, 1.º de março.

O compromisso Educação para Todos (EPT) foi assinado em 2000 durante a Conferência Mundial de Educação em Dacar, no Senegal. Ele estabelece seis objetivos que devem ser atingidos pelos signatários até 2015: ampliar a educação para a primeira infância, universalizar o acesso à educação básica, garantir o atendimento de jovens em programas de aprendizagem, reduzir em 50% as taxa de analfabetismo, eliminar as disparidade de gênero no acesso ao ensino e melhorar a qualidade da educação.

A Unesco criou um índice (Education For All Development Index EFA) para medir o desempenho dos países em relação ao cumprimento das metas. Entre os 127 países avaliados por esse indicador, o Brasil está no grupo com resultado 'mediano' e ocupa a 88.° posição do ranking. No topo da lista estão o Japão, o Reino Unido e a Noruega. O Chile, o Uruguai e a Argentina são os latino-americanos que fazem parte da lista com alto índice.

De acordo com a Unesco, embora tenha havido progresso em muitas áreas, como a melhoria do bem-estar na primeira infância, o número de crianças fora da escola vem caindo muito lentamente.

'Em 2008, 67 milhões de crianças estavam fora da escola. O progresso em direção à universalização da escolarização está mais lento. Se as tendências atuais continuarem, pode haver mais crianças fora da escola em 2015 do que há hoje', alerta a pesquisa. Quase metade dessa população está concentrada em apenas 15 países, entre eles o Brasil, que tem 700 mil crianças fora da escola segundo os dados da Unesco. Como a velocidade da inclusão desse grupo vem caindo, a organização estima que, caso a tendência se mantenha, em 2015 serão 72 milhões sem acesso ao ensino no mundo.

Sobre a redução do analfabetismo, os dados apontam que 17% da população mundial ainda estão nessa situação. O objetivo de reduzir em 50% o percentual de analfabetos em cada um dos países signatários não será atingido por uma parcela dos participantes, de acordo com a Unesco. Segundo o órgão, o fracasso é reflexo do 'descaso de longa data para com a alfabetização nas políticas educacionais'.

Apenas dez países respondem por 72% do número total de adultos analfabetos, incluindo o Brasil, que ainda tem 14 milhões de pessoas maiores de 15 anos que não sabem ler e escrever. Segundo a Unesco, o esforço para atacar o problema tem sido irregular nas diferentes regiões do mundo.

O relatório cita a redução de 2,8 milhões de analfabetos no Brasil entre 2000 e 2007, além do 'forte progresso na alfabetização universal de adultos' verificado na China. Já na Índia, o número de analfabetos adultos aumentou em 11 milhões na primeira metade da década passada.

'A América Latina e o Caribe podem ser a exceção à regra de negligência. Desde o final da década de 90, programas de alfabetização de adultos na região foram beneficiados pelo momento de renovação política (...). No Brasil, o Programa Brasil Alfabetizado ofereceu cursos de alfabetização para 8 milhões de jovens e adultos que tiveram acesso limitado à educação formal', destaca a organização.

Fonte: estadão.com.br